quinta-feira, 13 de março de 2014

JARRO




A Dança do Jarro é bastante conhecida, acredito eu, pela maioria das bailarinas que estudam o folclore do norte da Africa, mas acho importante destacar mais elementos para um estudo aprofundado.  Para quem não sabe, a dança do jarro mais conhecida pela Dança do Ventre é a manifestação das mulheres do Oasis deAl Fayyun, que são os grupos Fellahins (agricultores) estudados e interpretados pela troupe de Mahmoud Reda. Mas, dançar com um jarro de água é um tradição de vários povos do deserto africano (Raks al  Juzur ou Shaba, proveniente da Tunisia) e também indiano, por exemplo no Rajhastan Gujarat, pode-se assistir um estilo particular de dança com jarro, que chega a ser acrobático.  O significado maior desta dança está na importância da água para os povos nômades, que atravessavam áreas completamente áridas durante meses. Pensar que dentre um prazo tão longo, a água era levada dentro de bolsas de couro e jarros no lombo dos camelos. 

 A água para os egípcios antigos significava alma, a liga para dar vida ao barro e fazer viver um ser humano e, portanto, um jarro de água era a metáfora de todos esses significados. 
"espírito que é água, ou água que é espírito(...)" 

JUNG, OC 13, pag. 98

    Na Kabbalah judaica a água é representada pela letra Mem, uma das letras ligadas à maternidade, geração e vida, e assim toda uma trama envolve a água como elemento de transformação, por exemplo o batismo, onde se faz alusão a um renascimento, um ritual de passagem e a água marca essa transição.     Da água e da terra surgiram os primeiros mitos de como criou-se o homem e a mulher. 
   O pouco que sabemos sobre as danças de El Fayyum, é que as mulheres, desenhavam oitos imaginários com seus jarros, interpretavam  o seu dia a dia buscando água e banhando-se.  A relação com  sexualidade e a água estava presente, entre os Fellahins da região de Said, já que os jovens da aldeia a disputavam e a cortejavam quando ela retornava de seu banho.
   Aqui vai uma curiosidade Al Maya, significa água, não sei, mas corro o risco de comparar o nome dado ao movimento oito maya com o elemento. 

Dança do Jarro 

    Mahmoud Reda foi o primeiro coreografo a retratar as danças populares egipcias de forma teatral. Reda costumava visitar as diferentes regiões do Egito para estudar os costumes e suas danças. 
    Quando chegou na região do central do Nilo, Al Sharqeia, Al Behaira e Al Garbeia, onde concentram-se as plantações de algodão cultivadas pelos fellahins (camponeses), ele observou que não havia uma caracteristica especial de movimentos que pudesse identificar a dança fellahin. 
     Assim, Reda partiu para uma outra estratégia: observar como as pessoas ali viviam, como andavam, caminhavam, notou então, que os homens mantinham-se em fila quando colhiam o algodão e as mulheres construiam potes de barro (balas) para buscar água.
   A partir dessas informações Reda compôs combinações em linha para as coreografias e construiu uma pequena história de mulheres que iam buscar água, se banhavam e retornavam à aldeia. 

   O objetivo de Mahmoud Reda foi retratar a vida deste povo, independente deles terem uma dança tradicional folclorica.
    Mais tarde, outro grupos passaram a copiar essa idéia inicial e hoje, muitas pessoas realmente acreditam que os fellahins possuem tradicionalmente este tipo de dança.
 O estilo Fellahin de Mahmoud Reda é uma criação teatral, o que não anula todo o significado que o jarro de água traz para os povos do deserto, pois, é comum assistirmos apresentações de dança do jarro em diversos paises africanos, uma tradição das aldeias e que, muitas vezes  é dançada também por homens.
Dança do Jarro - Estilo Tunisino

  A Tunisia é o país onde a dança do jarro tem extrema importância e caracteristicas típicas da região e dos povos, com um figurino beduino, que nos lembra aqueles postais orientalistas das Ouled Nail. 
     A dança tem como movimento principal o twist e suas diversas variações.
   Geralmente presente nas festas de casamentos e nascimento, o jarro substitui o candelabro e a água se torna mais presente do que o fogo, como seria numa festa egípcia.
   O ritmo utilizado no caso é o Fazzani 8/8 e as vezes poderemos ouvir o Fazzani Baladi, que é um pouco diferente, mas  existe desde Badia Massabni, quando o Egito tornou-se o centro das danças arabes através do Cassino Opera.
    As canções geralmente falam de amor e por ser um país extremamente muçulmano, a dança deve ser interpretada cobrindo o ventre.




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